sábado, 2 de outubro de 2010

a solidão dos números primos

Estava já há um bom par de anos numa longa lista de espera, entre os meus livros de cabeceira. Tinha lido excelentes referências e tinha muito interesse em lê-lo, mas outros se foram metendo e "A Solidão dos Números Primos" foi ficando. Até há umas semanas. E só lamento ter-me privado dele durante todo este tempo!

"A Solidão dos Números Primos" é a primeira obra de Paolo Giordano, físico, doutorado em Física das Partículas pela Universidade de Turim, que em 2008, aos 26 anos, se tornou o mais jovem autor a receber o Prémio Strega, anteriormente atribuído a autores como Pavese, Moravia, Dino Buzzati, Primo Levi, Umberto Eco e outros.

O romance conta a história de duas pessoas, duas personagens que acompanhamos desde crianças: Alice e Mattia. Não são histórias felizes. Ambos passaram por experiências terrivelmente traumáticas, que deixaram marcas profundas na alma e no corpo, e que fizerem deles seres excepcionais, destinados a encontrar-se e a conhecer-se com uma intimidade que normalmente só se encontra nos gémeos.

Feitos de uma dor incompreensível para todos os outros, eles são "números primos". «Os números primos apenas são divisíveis por um e pelo próprio número. Estão no lugar que lhes é próprio na infinita série dos números mentais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais além relativamente aos outros. São números desconfiados e solitários e, por isso, Mattia achava-os maravilhosos.» Mas até entre os números primos há uns que são especiais, mais especiais ainda, são os “primos gémeos”, pares de números primos muito próximos um do outro, separados apenas por um único número. São rarísimos e, à medida que avançamos na numeração, vão-se tornando ainda mais raros. Mattia conclui que ele e Alice são como dois primos gémeos, destinados a passar as suas vidas numa inevitável proximidade um do outro, sem, no entanto, se tocarem. O que vai conduzir, inevitavelmente, a uma dor sempre maior.

Uma indiscutível obra prima, esta "Solidão dos Números Primos". A não deixar à espera, no meio dos livros de cabeceira.

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