segunda-feira, 1 de outubro de 2007

les feuilles mortes

"Le Navire Night", de Marguerite Duras, © Jean Mascolo


Outubro para mim será sempre Paris. Cá por coisas de que não me apetece agora falar. A teresamaremar tem no seu Príncipes Azuis Princesas Cor-de-Rosa um post, já com alguns dias, que me trouxe à memória Paris (é fácil trazer-me Paris à memória, especialmente em Outubro), sons de Paris, canções de Paris, imagens de Paris, cheiros de Paris. Fala ela dos partisans, mortos pela França, mortos pela Liberdade, mortos pelo direito de viver. Lembrou-me um vinyl que tive há muito, hoje perdido sei lá por onde, que tinha, na voz espantosa de Monique Morelli, o poema de Aragon, com música de Léo Ferré, que cantava esses vingt et trois étrangers et nos frères pourtant. Tenho pena que hoje já não haja tanta gente a conhecer a língua francesa, a esses peço desculpa, mas o poema aqui fica, sem tradução porque este post é sobre Paris. Fica também o famoso affiche rouge que caluniava publicamente esse grupo de resistentes.

L'Affiche Rouge

Vous n'avez réclamé ni gloire ni les larmes
Ni l'orgue ni la prière aux agonisants
Onze ans déjà que cela passe vite onze ans
Vous vous étiez servis simplement de vos armes
La mort n'éblouit pas les yeux des Partisans

Vous aviez vos portraits sur les murs de nos villes
Noirs de barbe et de nuit hirsutes menaçants
L'affiche qui semblait une tache de sang
Parce qu'à prononcer vos noms sont difficiles
Y cherchait un effet de peur sur les passants

Nul ne semblait vous voir Français de préférence
Les gens allaient sans yeux pour vous le jour durant
Mais à l'heure du couvre-feu des doigts errants
Avaient écrit sous vos photos MORTS POUR LA FRANCE
Et les mornes matins en étaient différents

Tout avait la couleur uniforme du givre
A la fin février pour vos derniers moments
Et c'est alors que l'un de vous dit calmement
Bonheur à tous Bonheur à ceux qui vont survivre
Je meurs sans haine en moi pour le peuple allemand
espaço
Adieu la peine et le plaisir Adieu les roses
Adieu la vie adieu la lumière et le vent
Marie-toi sois heureuse et pense à moi souvent
Toi qui vas demeurer dans la beauté des choses
Quand tout sera fini plus tard en Erivan
espaço
Un grand soleil d'hiver éclaire la colline
Que la nature est belle et que le cœur me fend
La justice viendra sur nos pas triomphants
Ma Mélinée ô mon amour mon orpheline
Et je te dis de vivre et d'avoir un enfant

Ils étaient vingt et trois quand les fusils fleurirent
Vingt et trois qui donnaient le cœur avant le temps
Vingt et trois étrangers et nos frères pourtant
Vingt et trois amoureux de vivre à en mourir
Vingt et trois qui criaient la France en s'abattant

7 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Conhecia o poema e a música. E foi um prazer relê-lo aqui, relembrá-lo. É realmente magnífico!
Quanto à língua francesa, adoro... Por acaso, sei um bocadinho razoável dela! :):)
Beijinhos

Luís Galego disse...

Outubro para mim será sempre Paris

frase que dava o titulo de um livro,teu. Tão bom ancorar aqui onde a poesia das palavras respira de forma tão suave...

isabel disse...

Paris. Odeio Paris. As pessoas fazem os lugares. E a memória das pessoas com quem contactei enquanto lá vivi (casada com francês) ainda permanece bem viva. Isto enquanto "emigrante".

Conheço bem a língua. Consegui, ao longo dos anos, dissociar a língua do povo. Através de Rimbaud, de Baudelaire. De Duras, muito.

Já se falarmos de Londres... :))

Beijo m

Maria Eduarda Colares disse...

ana paula, ainda bem que gostaste. É efectivamente muito bom.
Beijinho

Maria Eduarda Colares disse...

luis, obrigada. Que bom este espaço poder ser porto de abrigo, acolhedor e suave.
Um beijo

Maria Eduarda Colares disse...

isabel, lamento. Paris para mim é A cidade. Como emigrante vivi mais para o sul, Provence. Com um marido que não era francês. É a sorte, e nada mais. Londres... pois, cá por casa a família também gosta...
beijo

vague disse...

M, obrigada por te lembrares (e não estou a falar de Paris)
Um beijo.